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segunda-feira, 6 de março de 2017

[Resenha] O Menino que Desenhava Monstros - Keith Donohue


Nome: 
O Menino que Desenhava Monstros
Autor: Keith Donohue
Páginas: 256
Editora: DarkSide Books
Resenha por: Ana Carolina


Sinopse: 
Jack Peter é um garoto de 10 anos com síndrome de Asperger que quase se afogou no mar três anos antes. Desde então, ele só sai de casa para ir ao médico. Jack está convencido de que há de monstros embaixo de sua cama e à espreita em cada canto. Certo dia, acaba agredindo a mãe sem querer, ao achar que ela era um dos monstros que habitavam seus sonhos. Ela, por sua vez, sente cada vez mais medo do filho e tenta buscar ajuda, mas o marido acha que é só uma fase e que isso tudo vai passar.

Não demora muito até que o pai de Jack também comece a ver coisas estranhas. Uma aparição que surge onde quer que ele olhe. Sua esposa passa a ouvir sons que vêm do oceano e parecem forçar a entrada de sua casa. Enquanto as pessoas ao redor de Jack são assombradas pelo que acham que estão vendo, os monstros que Jack desenha em seu caderno começam a se tornar reais e podem estar relacionados a grandes tragédias que ocorreram na região. Padres são chamados, histórias são contadas, janelas batem. E os monstros parecem se aproximar cada vez mais.

Na superfície, O Menino que Desenhava Monstros é uma história sobre pais fazendo o melhor para criar um filho com certo grau de autismo, mas é também uma história sobre fantasmas, monstros, mistérios e um passado ainda mais assustador. O romance de Keith Donohue é um thriller psicológico que mistura fantasia e realidade para surpreender o leitor do início ao fim ao evocar o clima das histórias de terror japonesas.

         O livro conta a história de Jack Peter, um menino de 10 anos portador da síndrome de Asperger (um transtorno de comportamento que dificulta a comunicação e a interação social) que vive numa pequena cidade litorânea com sua família, Tim, seu pai e Holly, sua mãe. Além disso, há cerca de 3 anos, após quase morrer afogado, Jack desenvolveu agorafobia, que é um medo mórbido de sair em lugares abertos, tornando sua personalidade ainda mais reclusa e dificultando a tarefa dos pais de cuidar dele.
        A história é narrada em terceira pessoa e logo no início do livro nos deparamos com a dificuldade que os pais tem de lidar com a síndrome do filho, além de compartilhar diferentes opiniões sobre o futuro do garoto. Tim é mais otimista, pois acredita que o filho está melhorando cada vez mais e que com muito esforço eles um dia conseguirão com que ele se torne um menino normal. Já Holly acredita que o filho não tem melhorado e que está cada vez mais difícil lidar com o garoto, achando que eles deveriam procurar uma instituição especializada onde Jack receberia um tratamento e uma atenção mais adequada. Sua opinião fica ainda mais firme após um episódio onde ela, ao tentar acordar o filho, acaba recebendo um soco do mesmo, pois o menino achava que eram monstros que queriam pegá-lo.
        Além dos pais do protagonista, temos um personagem bastante relevante da história que é o Nick, o único e melhor amigo de Jack, que basicamente é a única conexão do garoto com o mundo exterior. Seus pais são amigos de longa data e por isso Nick frequentemente vai a casa dos Keenan para brincar com Jack. Acompanhamos que esse relacionamento tem se tornado difícil nos últimos tempos, pois o menino se sente na obrigação de estar com Jack e este tem estado cansado do amigo.
        Um ponto interessante na história que foi bem retratado é a fixação do Jack por determinadas coisas, que de certa forma podem ser consideradas "fases", como exemplo, as fases dos tabuleiros e dos soldadinhos. A fixação do Jack agora é desenhar monstros, sendo a única coisa que ele faz no momento, no entanto, percebemos que a brincadeira de Jack não é mais tão inocente. Coisas estranhas vão acontecendo às pessoas ao seu redor e parecem estar totalmente relacionadas aos desenhos do menino. Seu pai e Nick passam a ver uma aparição de um homem branco e nu rondando a casa e sua mãe houve frequentemente barulhos vindos do oceano, como se alguém estivesse tentando entrar.
        Eu gostei bastante da leitura desse livro, apesar de no início ter sido um pouquinho lento, logo o autor nos prende a medida que descreve com muita delicadeza e sutileza os personagens e o ambiente em que eles vivem, para logo em seguida aprofundar a trama com cenas cada vez mais frequentemente sinistras e bizarras. A maneira como o ator narrou a história conseguiu mexer bastante com minha imaginação de modo que a todo momento imaginava as cenas em minha cabeça, quase que como num filme.
        Outro ponto muito bom, que talvez possa ser considerado desnecessário por alguns, mas que a meu ver foi essencial, foi toda a construção de uma história para os personagens e não simplesmente jogando-os ao acaso. Isso fez com que, além do suspense, essa história seja carregada de sentimentos de mágoas e ressentimentos, como se os maiores monstros não estivessem no papel e sim em nós mesmos.
        Apesar de tudo. é importante observar que este não é um livro de terror e sim de suspense com algumas pitadas de drama. Ele nos deixa tensos e receosos com os personagens, mas não chega a dar medo em sim. O final para mim, como creio que para quase todos os que leram o livro, foi totalmente surpreendente e inesperado e me fez parar por alguns minutos revirando toda a história em minha mente para assimilar o que eu havia acabado de ler.
     


Nota:

4,0/5,0
       

Vídeo-resenha:


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